Fake News como estrutura de poder

uma questão de assimetria de poder e desigualdade

Dorival Fagundes Cotrim Junior[1]

Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/Rio)

dorivalfcotrim@gmail.com

João Paulo Almeida Brito da Silva[2]

Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

joao.brito@fiocruz.br

Aline da Costa Cotrim[3]

Universidade do Estado da Bahia (UNEB)

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Resumo

O artigo problematiza o vínculo político entre o fenômeno das Fake News (FN) ou da desinformação e a saúde pública. Trabalha-se com a hipótese de que o problema das FN constrange a formação democrática dos juízos públicos e afeta a relação de forças que disputam os rumos da sociedade e do Estado. Inicialmente promove-se um mapeamento do estado da arte, invocando literaturas nacionais e estrangeiras. Ao longo desta apresentação, apontou-se como tal fenômeno afeta a saúde pública. Em seguida, como objetivo angular, traça-se uma análise das FN como um problema de assimetria de poder e desigualdade. Pauta-se a argumentação política no sentido de que a concentração de recursos e poderes perverte a democracia e as máquinas de notícias falsas são acionadas para desestabilizar a ordem, mantê-la ou tomá-la a força, como em uma guerra híbrida, afastando o princípio da soberania popular. Conclui-se pela verificação da hipótese levantada e que, para evitar os voluntarismos, uma boa forma de análise é tratar o fenômeno da desinformação como um desafio político de assimetria de poder e desigualdade.

Palavras-chave:  Fake News; assimetria de poder; desigualdade; política de saúde; comunicação; guerra híbrida; democracia; voluntarismo.

FAKE NEWS AS A POWER STRUCTURE:

a matter of power asymmetry and inequality

Abstract

The article problematizes the political link between the phenomenon of Fake News (FN) or misinformation and public health. It works with the hypothesis that the FN problem constrains the democratic formation of public judgments and affects the relation of forces that dispute the directions of society and the State. Initially, a mapping of the state of the art is promoted, invoking national and foreign literature. Throughout this presentation, it was pointed out how this phenomenon affects public health. Then, as an angular objective, an analysis of FN as a problem of power asymmetry and inequality is outlined. The political argument is based on the sense that the concentration of resources and powers perverts democracy, and the fake news machines are used to destabilize the order, maintain it or take it by force, as in a hybrid war, departing from the principle of popular sovereignty. We conclude by verifying the hypothesis raised and that, to avoid voluntarism, a good form of analysis is to treat the phenomenon of disinformation as a political challenge of power asymmetry and inequality.

Keywords: Fake News. Power asymmetry. Inequality. Hhealth policy. Communication. Hybrid warfare. Democracy. Voluntarism.

1  INTRODUÇÃO

Uma nova variante do coronavírus foi identificada na cidade de Wuhan, China, logo após a notificação de casos de pneumonia de etiologia então desconhecida (LIU; KUO; SHIH, 2020). Posteriormente tal variante foi associada à doença COVID-19 (LI et al., 2020) (KHAN et al., 2020). Devido a expansão acelerada da enfermidade a outras localidades, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, em 30 de janeiro de 2020, Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional, e em 11 de março deste mesmo ano tornou pública a existência da pandemia (GONDIM, 2020) (BISPO JÚNIOR; MORAIS, 2020).

Os primeiros casos suspeitos da doença no Brasil foram notificados entre os dias 18 e 27 de janeiro de 2020; e em 3 de fevereiro de 2020 foi declarada Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional pelo Ministério da Saúde (PENNA et al., 2020). Até 08 de outubro de 2021 haviam sido confirmados no país 21.550.730 casos e 600.425 óbitos (JHU – JOHN HOPKINS UNIVERSITY, 2020).

A já péssima gestão nacional da gravíssima crise sanitária em que se transformou a COVID-19 (ORTEGA; ORSINI, 2020) (COTRIM JUNIOR; CABRAL, 2020) (COTRIM JUNIOR; CABRAL; ASENSI, 2021) (COTRIM JUNIOR et al., 2021) foi ainda complicada por outro fator incidente, e cada dia mais relevante: a rápida disseminação global de informações (WANG et al., 2019) (MESQUITA et al., 2020). Nesta atual era digital e hiperconectada, a diminuição dos diferentes custos exigidos à produção e à divulgação de informações e opiniões permite, por um lado, o acesso da população a mídias confiáveis como fonte segura de informação (páginas da OMS, da Organização Pan-americana de Saúde, de governos, de entidades públicas de comunicação); como também, por outro lado, possibilita uma propagação desenfreada de notícias falsas, chamadas Fake News (FN) (BARCELOS et al., 2021) (ORSO et al., 2020) (FIELD-FOTE, 2019) (GILLIGAN; GOLOGORSKY, 2019) (NETO et al., 2020) (AGLEY; XIAO, 2021).

Inobstante não existir uma definição clara, precisa e amplamente aceita de Fake News, uma conceituação possível é o de “histórias falsas que parecem ser notícias, espalhadas na Internet ou usando outros meios de comunicação, geralmente criadas para influenciar visões políticas ou como uma piada” (CAMBRIDGE DICTIONARY, [s.d.]).

Informações e notícias falsas disseminadas especialmente em redes digitais sociais e sítios digitais são muito preocupantes para a saúde pública, na medida em que podem diminuir a eficácia de programas e políticas sanitárias, campanhas e iniciativas em prol da saúde e do bem-estar das populações (PULIDO et al., 2020) (MCKEE; VAN SCHALKWYK; STUCKLER, 2019) (VIVIANI; PASI, 2017) (WASZAK; KASPRZYCKA-WASZAK; KUBANEK, 2018).

Um exemplo, já clássico apesar de infeliz, de fake News em contexto pandêmico de COVID-19 é o de campanhas antivacinas (JAMISON; BRONIATOWSKI; QUINN, 2019) (CARRIERI; MADIO; PRINCIPE, 2019) (TEOH, 2019) (MARCO-FRANCO et al., 2021) (MATOS; BARBIERI; COUTO, 2020) (BARCELOS et al., 2021), a partir da mobilização de desinformações nas redes sociais como ilustram as seguintes narrativas: (i) vacinas contra a COVID-19 são produzidas com células de fetos abortados; (ii) as vacinas causam esterilidade em homens; e (iii) as vacinas contêm um tipo de mercúrio que pode causar danos neurológicos (HARAKI, 2021).

Além disso, a preocupação com a saúde é potencializada porque não temos, em geral, conhecimento técnico, motivação ou tempo para avaliar todas as informações que encontramos online. Ainda que haja pesquisas apontando o aumento dessa motivação quando a pesquisa está relacionada a saúde, a avaliação da reputação da fonte e da veracidade das informações é uma tarefa desafiadora, agravada pela característica de constante mudança da internet (fluidez) (SWIRE-THOMPSON; LAZER, 2020) (GIORDANI et al., 2021).

O Relatório de Segurança Digital no Brasil, publicado em 2018, apontou que desde esse ano o país já se encontrava entre aqueles com maior circulação e fabricação de fake News em todo o globo. Coincidindo com o período eleitoral, o Relatório identificou um aumento de aproximadamente 50,6% dessas FN entre o primeiro e o segundo trimestre de 2018, saindo de 2,9 milhões de detecção para 4,4 milhões. Dentre as regiões geográficas, o Sudeste foi responsável por 48% do total de notícias falsas detectadas naquele trimestre, seguido por Nordeste com 27,9% (DFNDR LAB, 2018).

Como as FN são, em sua maioria, elaboradas a partir de temas polêmicos, quando não sensacionalistas e apelativos, há um grande potencial de viralização (DFNDR LAB, 2018), dificultando o controle, mensuração do impacto (VELASCO et al., 2014) e agravando as possíveis consequências nas mais distintas classes sociais e de todas as regiões do país, especialmente Sudeste e Nordeste, devido a dimensão populacional (BARCELOS et al., 2021).

A pandemia de COVID-19 tem exacerbado esse fenômeno (CRUZ JUNIOR, 2019) (GALHARDI et al., 2020) (GARCIA; DUARTE, 2020), motivo de forte e imediata preocupação, sobretudo quando se observa um aumento considerável e crescente de buscas na Internet a respeito de temas relacionados à saúde (SWIRE-THOMPSON; LAZER, 2020) (BADELL-GRAU et al., 2020) (RACHUL et al., 2020).

Uma pesquisa da Avaaz apontou que a cada dez brasileiros entrevistados, nove ouviram ou leram ao menos uma informação falsa a respeito da COVID-19. O mais intrigante é o fato de sete em cada dez acreditam em pelo menos uma desinformação veiculada, independente da mídia (AVAAZ, 2020). Quando comparados aos dados dos Estados Unidos e Itália (65% e 59%, respectivamente), a situação brasileira torna-se ainda mais preocupante. Tais resultados tem levado a OMS a inferir que a desinformação sobre a COVID-19 pode estar se espalhando mais rápido que o próprio vírus Sars-CoV-2 (AVAAZ, 2020) (ORGANIZAÇÃO PAN AMERICANA DE SAÚDE - OPAS, 2020).

Por esta razão, muitos pesquisadores e instituições têm trabalhado com o conceito de infodemia (ou infodemiologia), que pode ser definido, em linhas gerais, como “uma superabundância de informações - algumas precisas e outras não - ocorrendo durante uma epidemia” (ZIELINSKI, 2021).

Outra pesquisa, agora da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), demonstrou que 62% da população não conseguem identificar se uma determinada mensagem/notícia/informação é falsa ou verdadeira (GALHARDI et al., 2020), o que indica o tamanho do desafio das FN no Brasil.

Não obstante essa informação sobre a população brasileira, um estudo do Massachusetts Institute of Technology (MIT) identificou que notícias falsas tem 70% mais chances de viralizar do que as notícias verdadeiras. O estudo mensurou que cada postagem verdadeira alcança, em média, mil pessoas, enquanto as falsas atingem de mil a cem mil (VOSOUGHI; ROY; ARAL, 2018).

Além desse maior potencial de viralização, há o chamado “viés de confirmação” que pode ajudar a explicar o porquê de as pessoas acreditarem em informações falsas. Um estudo da Universidade de Nova York e da Leiden University identificou que esse viés de confirmação se traduz na tendência dos indivíduos de buscarem informações que confirmem suas próprias crenças. Ou seja, o ser humano tem uma tendência a acolher e a compartilhar evidências que reforçam sua visão de mundo e de rechaçar o que contradiz (VAN BAVEL; PEREIRA, 2018).

Complexifica ainda mais o assunto quando se observa que a “crença na desinformação ou em narrativas conspiratórias pode não se excluir mutuamente da crença na narrativa que reflete o consenso científico”, como a pesquisa de Agley e Xiao (2021) apontou. Ou seja, indivíduos podem levar a ciência a sério e ainda assim acreditar em certas desinformações.

Outra implicação que decorre da mesma pesquisa é de que a “disseminação adicional e renovada de narrativas cientificamente aceitas pode não atenuar a crença na desinformação” (AGLEY; XIAO, 2021), o que não significa dizer que uma profilaxia da desinformação não possa ser alcançada com a adoção de medidas concretas para a melhoria da confiança na ciência e nos cientistas, como o apoio a iniciativas científicas abertas e a disseminação de projetos de divulgação das formas específicas do fazer científico.

Como o desconhecimento, a desinformação ou um agir de má-fé podem inclinar indivíduos a prejudicar os trabalhos de profissionais responsáveis de saúde e de autoridades sanitárias em geral implicadas no combate à pandemia de COVID-19 (GALHARDI et al., 2020) (ZAROCOSTAS, 2020) (COLETIVA, 2020), o objetivo do presente artigo é de identificar e construir uma outra visão sobre o fenômeno das Fake News, qual seja, como estrutura de poder. Portanto, trata-se de estabelecer uma visão política da desinformação.

 

2  Metodologia

Promoveu-se inicialmente um mapeamento do estado da arte, a partir de literaturas nacionais e estrangeiras a respeito do tema da desinformação. Ao longo desta apresentação, apontou-se como tal fenômeno afeta a saúde pública.

Em seguida, como objetivo angular, traçou-se uma análise das FN como um problema de assimetria de poder e desigualdade. Pauta-se a argumentação política no sentido de que a concentração de recursos e poderes perverte a democracia e as “máquinas”[4] de notícias falsas são acionadas para desestabilizar a ordem, mantê-la ou tomá-la a força, como em uma guerra, especificamente híbrida. Assim fazendo, interfere-se na sociedade e no Estado, resultando no afastamento, quando não na exclusão, do princípio da soberania popular.

Portanto, para além de uma análise conjuntural, apresentou-se uma interpretação mais estrutural, percebendo o fenômeno da desinformação como problema fundante das disputas de poder. A hipótese é de que o problema das Fake News constrange a formação democrática de um juízo público e afeta a relação de forças que disputam os rumos da sociedade e do Estado.

 

3 FAKE NEWS COMO PROBLEMA MORAL

 

            O combate às FN pode ser visto como um mero problema moral de divulgar informações não verdadeiras, quando, por certo, dever-se-ia apenas produzir e compartilhar informações verídicas. Mas será que julgamentos morais são suficientes para bem compreender esse fenômeno político? Basta apenas culpabilizar os indivíduos por fazerem um mau uso de suas liberdades, de suas razões, sem considerar as estruturas de fundo que mobilizam essas práticas individuais e/ou coletivas? (COUTO; BARBIERI; MATOS, 2021) São suficientes observações de natureza subjetiva, desprezando fatores implicados nos processos de formação dos juízos?

            A nossa hipótese central é que as fake News (FN) devem ser analisadas como uma estrutura de poder, imersas em contextos plurais de guerra híbrida, tal como apresentado no quinto episódio, Genre”, da terceira temporada do seriado ficcional Westworld. FN, para além da dimensão da desinformação, da moral, é uma prática sociopolítica que objetiva destruir, desestabilizar, manter ou produzir novas esferas de poder.

            Enxergá-lo como um fenômeno não moral, isto é, atentando-se para as dimensões de poder implicadas, sendo o próprio uma ferramenta de poder, exige o afastamento de soluções voluntaristas. Dentre essas resoluções voluntaristas encontram-se: (i) as pessoas devem deixar de ser inocentes; (ii) o Brasil é um país pouco alfabetizado, sua população é composta de pessoas muito simples, e por isso as fake news encontram um caldo cultural propício para sua disseminação; (iii) o país, tal como o continente latino-americano, tem uma cultura autoritária, de terceiro mundo, de capitalismo periférico, o que favorece a alta circulabilidade das notícias falsas.

            Em linhas gerais, o voluntarismo é um sistema que atribui um papel predominante à vontade, como o fator básico da ação humana. Spinoza, por exemplo, nas proposições 48 e 49 aponta as razões do porquê não se deve trabalhar com perspectivas voluntaristas, apenas. São elas:

Proposição 48. Não há, na mente, nenhuma vontade absoluta ou livre: a mente é determinada a querer isto ou aquilo por uma causa que é, também ela, determinada por outra, e esta última, por sua vez, por outra, e assim até o infinito.

Proposição 49. Não há, na mente, nenhuma volição, ou seja, nenhuma afirmação ou negação, além daquela que a ideia, enquanto ideia, envolve. (SPINOZA, 2017, p. 87-88)

 

            Sair de premissas e conclusões voluntaristas significa abandonar e mesmo rechaçar argumentos elitistas de culpabilização do povo, de demonização da cultura do país, argumentos antipolíticos, autoritários e preconceituosos, os quais descambam para confecções de sermão (como no sentido religioso), de orientações morais, exigindo que as pessoas tomem consciência e assim, “armados”, mais esclarecidos, parem de compartilhar e criar notícias equivocadas.

Será que o problema das FN tem como causa a população enquanto tal ou é preciso investigar as dinâmicas de disputa de poder implicadas na disseminação dessas falsidades?

 

4 FAKE NEWS COMO ESTRUTURA DE PODER

 

                Evitar esses voluntarismos é crucial para a proposta de análise aqui apresentada e defendida, isto é, o fenômeno das FN como uma estrutura, um braço, uma ferramenta de poder. Tal perspectiva nos permite identificar como este fenômeno interfere no juízo público, na “formação democrática da opinião pública” (SANTOS et al., 2021). Dois grandes exemplos dessa interferência foram as eleições presidenciais de Donald Trump, nos Estados Unidos (ALLCOTT; GENTZKOW, 2017) (BAKIR; MCSTAY, 2018), no coração do sistema capitalista e de Jair Bolsonaro, no Brasil, periferia capitalista (VISCARDI, 2020) (ALMEIDA, 2019).

            É sintomático da não adoção desta perspectiva política para compreender os debates em torno da desinformação, os achados da pesquisa desenvolvida por Haraki (2021). Dos dez países analisados, somente a Argentina desenhou uma estratégia destinada à gestão do fenômeno da infodemia. Brasil, Chile, Equador e Paraguai apenas mencionavam o tema nos sítios eletrônicos dos seus respectivos ministérios da saúde. Quanto à Bolívia, Colômbia, Peru, Uruguai e Venezuela, nenhuma menção nos sites dos ministérios da saúde foi encontrada.

            A disputa de poder acima mencionada utiliza as FN como ferramenta de obtenção, manutenção ou implosão de espaços de poder. É nesse sentido que se fala em guerra, uma guerra híbrida, no caso, com o uso combinado de meios convencionais e não convencionais, além de criar caos, instabilidade e produzindo medo, afeto predominante do conflito (CASTRO, 2020). Um dos principais objetivos das guerras híbridas é a desestabilização de governos oponentes e as suas instituições (BLUM et al., 2015), “criando o caos e um vazio de poder” (FERNANDES, 2016).

            Compreender as Fake News como estrutura de poder exige a identificação do vínculo dessa indústria da morte, do caos e da instabilidade com os poderes concentrados da república brasileira. Poderes estes que são econômicos, políticos, midiáticos, operando de forma agenciada com os demais ou atuando mais isoladamente, para a manutenção dos seus centros de influência e, consequentemente, de “educação”.

            Entretanto, é preciso considerar que a concentração de poder(es) não está circunscrita às zonas dos estados nacionais, antes o contrário. Essa concentração, antidemocrática, antirrepublicana encontra-se articulada internacionalmente, tornando essas máquinas da mentira e da desinformação ainda mais capazes de influenciar processos coletivos amplos, processos decisórios coletivos (como o Brexit no Reino Unido) (ROSE, 2017). Talvez um dos exemplos de maior relevância para o Brasil seja a própria parceria do estrategista Steve Bannon, homem da campanha de Trump, com a máquina bolsonarista nas eleições presidenciais de 2018 (DE LIMA; ALBUQUERQUE, 2019) (ALMEIDA, 2019).

            O fenômeno da desinformação, que transcende esse aspecto, é político, especialmente político, em uma sociedade muito mediatizada e desigual. Os poderes das grandes corporações médicas transnacionais são imensos, i.e, o que resulta em dificuldades para a sociedade quando esta precisa confrontá-las. Esta assimetria de poder está presente em muitas áreas, até por ser a concentração uma das características do capitalismo, inclusive em sua faceta neoliberal (LAZZARATO, 2019).

            A desigualdade de poder é, portanto, o primeiro ponto central de nossa análise que amarra o problema das Fake News e evita as conclusões e saídas voluntaristas. Ora, o fenômeno das FN é mais do que apenas pessoas de má-fé, utilizando ferramentas de criação e propagação de notícias falsas. É um exercício de poder (VASCONCELLOS-SILVA; CASTIEL, 2020).

            Mais que deliberadamente confundir, mais que prejudicar juízos e decisões individuais, elas objetivam interferir na sociedade e no Estado. Brasil, Estados Unidos, Hungria são casos recentes de pleitos eleitorais que foram afetados pelas Fake News (EGELHOFER; LECHELER, 2019), mobilizados por movimentos de extrema-direita.

Um possível segundo ponto entre essas experiências extremistas talvez seja o fim almejado pelas três: destruir a própria democracia. Ao interferirem, com essas máquinas da mentira e do caos, na sociedade e no estado, manipulam as populações, almejando a extinção do próprio princípio de soberania democrático-popular. Bolsonaro, i.e, encarna esse ódio à democracia, ao defender abertamente interferência nas instituições (HUNTER; POWER, 2019), a destruição ou esvaziamento dos espaços de comunicação pública, a formação democrática da opinião pública (CARDOSO JR, 2019).

Comunicação, em nossa perspectiva, é um momento de cidadania, que, tal como o acesso ao trabalho, é extremamente desigual em nosso país (SANTOS et al., 2021). As redes sociais, de certo modo, expandem o acesso de parcelas da população à informatização mediatizada e presente no universo virtual, mas será que as redes sociais facilitam esses movimentos cívicos?

Há uma brutal desigualdade de poder em escala nacional e o fenômeno das Fake News é uma expressão do problema da desigualdade da comunicação. A pesquisa Monitoramento da Propriedade da Mídia, realizada em 2017, identificou que apenas cinco famílias controlam mais de 50% dos principais veículos midiáticos brasileiros (CARTA CAPITAL, 2017).

Ou seja, a desigualdade acentuada e a assimetria de poder são os problemas que envolvem a questão das FN, e não podem ser desconsiderados em análises, sob pena de ficar na superfície e cair em diagnósticos e soluções voluntaristas.

Outro caso notável de interferência na sociedade e no Estado a partir das máquinas (processos maquínicos) de inverdades e caos, até já mencionado, é o da saúde pública. As FN dificultam a realização da saúde pública, agravado no contexto da pandemia de COVID-19, mas existente mesmo antes desta (VASCONCELLOS-SILVA; CASTIEL; GRIEP, 2015). Os obstáculos postos vão desde os movimentos anti-vacina (COUTO; BARBIERI; MATOS, 2021) a maiores custos de tratamento aos sistemas de saúde, passando pelo possível recaimento de mortes de pessoas devido ao não submetimento aos tratamentos devidos (ROCHEL DE CAMARGO JR, 2020). As FN são uma espécie de câncer em estado de metástase.

A desorganização central do poder de comunicação, como o bolsonarismo vem instituindo, produzem e facilitam a produção das notícias falsas, impactando a saúde pública, estremecendo as instituições democráticas, interferindo nos juízos coletivos e individuais a respeito de diversos temas, como o tratamento para a COVID-19, origem do vírus, dentre outros.

Enfim, a hipótese do trabalho, quando confrontada com a realidade, parece se sustentar. O problema das Fake News é o constrangimento da formação democrática dos juízos públicos e a afetação nas relações de forças que disputam os rumos da sociedade e do Estado. Tal percepção só é possível quando se analisa o fenômeno como um desafio de assimetria de poder e desigualdade.

 

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

            Inicialmente realizou-se um mapeamento do estado da arte, abrangendo literatura nacional e internacional sobre o tema das Fake News, com ênfase na saúde. Então apontamos como tal fenômeno afeta sobremaneira a saúde pública.

            Em seguida, e como objetivo central, traçou-se uma análise das FN como um problema de assimetria de poder e desigualdade. Com os recursos e poderes concentrados, perverte-se, paulatinamente, a combalida democracia, ao fim e ao cabo. Nesse sentido cabe dizer que o desafio proposto pelas FN, levado ao paroxismo, é o de uma guerra.

Não é uma questão de similaridade, mas de guerra mesmo, confronto híbrido em busca de poder, na qual as máquinas tecnológicas e humanas são mobilizadas para interferir na sociedade e no estado, eliminando o princípio da soberania popular e com tons de perversão/crueldade, haja vista a inexistência de arrependimentos. Até tentam disfarçar, mas não negam as estratégias construídas em nome da satisfação do gozo do poder e da opressão.

Desse modo, para além de uma breve análise de conjuntura, apresentou-se uma leitura mais estrutural, até porque enxergamos o fenômeno da desinformação como um problema fundante e que organiza parte considerável das demandas e disputas de poder. Pode, portanto, o atual Governo federal sair antes ou em 2022 que este fenômeno continuará presente, o que representa mais uma razão pela qual este desafio merece tratamento preciso.

Em síntese, compreender as Fake News como uma disputa de poder é fundamental para não se chafurdar em análises superficiais e voluntaristas. É, portanto, especialmente interessante analisá-las como uma questão de assimetria de poder e desigualdade, justamente o que foi formulado no artigo.

 

REFERÊNCIAS

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[1] Mestre em Direito Constitucional e Teoria do Estado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC Rio. Especialista em Direitos Humanos e Saúde pela Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/FIOCRUZ).

[2] Mestre em Políticas públicas em Saúde pela Fundação Oswaldo Cruz - Brasília. Especialista em administração Hospitalar e serviços de Saúde pela Universidade Federal da Bahia (2012).

[3] Graduanda em Administração pela Universidade do Estado da Bahia. Servidora pública municipal.

[4] O sentido de máquinas empregado ao longo do texto é o utilizado por Lazzarato (2019).